Dentro da prática zen-budista, o zazen é a forma principal de meditação. “za” significa sentar-se; “zen” refere-se a um estado de meditação profunda e sutil.
É muito difícil explicar o que é zazen com palavras: a única forma de entendê-lo é praticá-lo. Praticar zazen é ir além do pensar e do não pensar, é ir além do eu e do não-eu. É maravilhar-se continuamente com o relacionamento de todas as coisas. É investigar o sentido da existência.
Dito isto, pode-se discorrer a respeito de muitos benefícios que a prática do zazen proporciona, e há muitos estudos dedicados a isso. Desenvolvemos nossa consciência, nossa concentração, nossa compaixão, melhoramos nossos relacionamentos e nossa saúde em inúmeros aspectos.
O zazen pode ser praticado de maneira individual e privada, mas a prática em grupo costuma ser mais intensa e estimulante. Além disso é na prática em grupo, no templo, que recebemos orientações importantes sobre a prática.
Vale ressaltar algumas recomendações iniciais para a prática do zazen. Procure ser um observador de si mesmo e de tudo à sua volta. Deixe seus pensamentos e sentimentos ir e vir livremente, não tente controlá-los ou eliminá-los. Mantenha a respiração abdominal, com expirações mais longas do que as inspirações. Tendemos naturalmente a ficar atentos e calmos, e eventualmente desenvolvemos uma sensação leve ou intensa de bem estar. Certas dores ou formigamentos derivam de má postura ou condições de saúde, mas outras não – em todo caso procure não se mover, limitando-se a pequenos ajustes corporais, e observe como o desconforto pode ser uma escada preciosa para a prática.
Posturas
Nas três formas de sentar-se em zazen descritas a seguir, observamos as seguintes recomendações: permanecemos sentados, de costas para o centro da sala, e a aproximadamente um metro de distância de uma parede; limitamos nossos movimentos a pequenos ajustes de postura, de resto permanecendo imóveis durante todo o período de zazen (vinte a cinquenta minutos); relaxamos nosso torso e ombros, mantendo a coluna ereta e vertical; as mãos ficam pousadas à frente do torso, em mudra cósmico (ver descrição adiante); mantemos a cabeça levemente inclinada para frente e os olhos entreabertos; encostamos nossa língua na parte posterior do céu da boca, logo atrás dos dentes frontais. Com tudo isso conseguimos manter uma postura relaxada e alerta por longos períodos de tempo.
Praticantes com limitações físicas podem sentar-se em cadeiras convencionais, mantendo os pés separados e bem apoiados no chão. A coluna mantêm-se ereta, de preferência distante do encosto.
Para aqueles capazes de sentar-se no chão sem dificuldades, recomenda-se o banquinho de madeira. Apoiamos os ísquios em seu assento inclinado, e apoiamos os joelhos no chão, passando os pés por baixo do banquinho.
Praticantes com boa desenvoltura corporal podem sentar-se na almofada preta, chamada zafu. Zafus possuem diferentes alturas e consistências – procure observar sua preferência. No zafu, sente-se de modo a usar três pontos de apoio: sua bacia apóia-se na metade frontal da almofada, e seus dois joelhos apóiam-se no chão – use apoios intermediários caso eles não alcancem o chão.
No zafu, há três posições possíveis para as pernas. Na birmanesa, os dois pés encostam no chão. Na meia-lótus, um dos pés é colocado sobre a coxa oposta. Na lótus completa, o pé direito repousa sobre a coxa esquerda e o pé esquerdo sobre a coxa direita.
Mudra Cósmico
As mãos pousam sobre as coxas ou, para a postura de lótus completa, sobre os pés. As pontas dos polegares tocam-se suavemente, como se entre elas houvesse uma finíssima folha de seda que não pudesse cair ou amassar. Os polegares servem como um bom termômetro da prática: se houver tensão, podem enrijecer-se; se houver sonolência ou desânimo, podem separar-se.
Kinhin
O Kinhin é zazen em movimento, caminhando. Geralmente tem a duração de dez minutos e é feito na sala de zazen. Não é um intervalo entre períodos de meditação. Serve para estimular a circulação e permitir que nos sentemos novamente em zazen. Mesmo assim, é o momento durante a atividade em que podemos entrar ou sair da sala.
Se chegar atrasado para a prática, aguarde o kinhin para entrar na sala. Se precisar sair mais cedo, ir ao banheiro ou beber água, aguarde o kinhin para sair da sala e volte antes que ele termine, ocupando o mesmo lugar em que estava (entre as mesmas pessoas).
A palavra kinhin significa seguir em frente. Com as mãos em shashu, como que apoiadas em um cajado, todos andam pela sala em fila, sempre em linha reta e em sentido horário.
Fonte: https://www.zendobrasil.org.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário