Então, o que está acontecendo no mundo? Todos estão lutando contra alguém. Um homem sente inferior a outro e luta para alcançar o topo. Não há amor, não há consideração, não há pensamento profundo.
Nossa sociedade é uma constante batalha de homens contra homens. Essa luta é fruto da ambição de vir a ser alguém, e as pessoas mais velhas os encorajam a ser ambiciosos. Eles querem que vocês se tornem alguém, que desposem um homem rico ou uma mulher rica, ou tenham amigos influentes.
Sendo medrosos, feios em seus corações, eles procuram fazê-los semelhantes a eles; e vocês, de seu lado, querem ser iguais a eles, porque vêem o encanto disso tudo.
Quando uma pessoa influente aparece, todos se curvam para recebê-lo, dão-lhe grinaldas, fazem discursos. Ele gosta disso, e vocês também. Desse modo vocês são facilmente presos na teia horrorosa das gerações mais velhas, no padrão desta sociedade monstruosa.
Só se estiverem muito alertas, mantendo-se constantemente vigilantes, só se não tiverem medo e não aceitarem tudo irrefletidamente, mas questionarem sempre as coisas – só, então, vocês escaparão de ser presos, irão além e criarão um mundo diferente.
Eis por que é importante que vocês encontrem a sua verdadeira vocação. Sabem o que quer dizer “vocação”? Algo que gostem de fazer, que lhe seja natural. Afinal de contas, é esta a função da educação – ajudá-los a se desenvolverem independentemente, de modo a ficarem livres da ambição e a poderem encontrar sua verdadeira vocação. O homem ambicioso nunca encontrou sua verdadeira vocação; se a tivesse encontrado não seria ambicioso.
Portanto, é responsabilidade dos professores e pais ajudá-los a ser inteligentes, intemeratos, para que possam encontra sua verdadeira vocação, o seu próprio modo de vida, o modo por que queiram realmente viver e ganhar a vida.
Isto implica uma revolução de pensamento; porque, em nossa atual sociedade, acredita-se que o homem que sabe falar, o homem que sabe escrever, o que sabe governar, o que possui um grande carro e uma bela casa está numa posição maravilhosa; e o homem que moureja no jardim, que cozinha, que ergue uma casa, esse é desprezado.
Você tem consciência de seus próprios sentimentos quando vê um catador de lixo, quando vê alguém puxando uma carroça? Já observou como lhe tem um desprezo absoluto? Para você ele mal chega a existir.
Você o desconsidera; mas quando alguém tem algum título, ou é banqueiro, comerciante, guru, artista, ou ministro, você imediatamente o respeita.
Fazer algo maravilhosamente bem, fazê-lo completamente, verdadeiramente, de acordo com o que você pensa e sente profundamente – isso não é ambição e aí não há medo.
Texto tirado do livro “O Verdadeiro Objetivo da Vida” – Jiddu Krisnhamurti
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