Por Murillo Nunes de Azevedo
“A noção indiana de prana merece análise mais profunda. Segundo a tradição, o prana é a vida universal e anima tudo que existe e se apresenta em visão quíntupla, podendo ser esquematicamente representada por um centro e quatro pontos cardeais. Essa estrutura quinária vai acompanhar toda uma série de considerações que se seguem. É bom, entretanto, ter presente que as cinco posições, na realidade, são sete, quando considerarmos o zênite (o alvo) e no nadir (o profundo) projetados do centro. Temos, então, Centro, Leste, Oeste, Norte e Sul, marcando claramente o círculo em volta do ponto inicial. Imagine o Centro como a primeira manifestação da vida universal no instante em que ela sai do seu repouso (Pralaya). No nascimento de uma estrela, é o Centro o primeiro ponto a surgir. É o início de tudo, de onde provêm, por expansão, as quatro direções.
O sopro da vida é prana. É a vida que existe em todas as coisas. Em tudo ela está, pois é energia pura. Energia é matéria concentrada, é vida. Vida, matéria e energia são três aspectos de uma mesma realidade. A diferença que fazemos entre a vida orgânica e a inorgânica é válida apenas para fins utilitários; realmente, não existe uma separação marcante entre o chamado inorgânico e o orgânico. Existe apenas a vida, que se manifesta com graus diferentes de complexidade.
O professor hindu, Prêmio Nobel de Física, em 1929, Sir Jagadis Chunder Bose, demonstrou, com seus instrumentos, a unidade do mecanismo da vida.
Os cinco pranas são, pela ordem: udana, prana, samana, vyana e apana.
Udana é a primeira emergência do centro. É a primeira pressão, da qual vai surgir a vida cósmica que é prana. Prana é representada sempre no Leste, no local do nascer do Sol, de onde nos vem a vida que corre em nossas veias e sustém o sistema solar. O prana nos vem do Sol e das estrelas. O homem, como tudo o que existe na Terra, absorve a vida sob a forma de infinitesimais corpúsculos vitais que constantemente se derramam sobre tudo, como uma verdadeira chuva'.
O que nos mantém vivos advém dessa "chuva" bendita de energia que procede do cosmo e nos encharca com a sua influência, e do prana existente nos alimentos que absorvemos e que são incorporados aos nossos corpos.
É o Sol que está presente no nosso estômago nas partículas dos alimentos ingeridos e na água que bebemos. A descida, a transposição da energia é feita por meio desses centros de força que são, em última análise, portões de comunicação de um plano a outro.
Existem pesquisas que tentam correlacionar o fenômeno vida com os raios cósmicos que constantemente bombardeiam a Terra.
O Prana é sempre uma energia que vem de fora para dentro. Quando respiro, o prana está no ar, como também nos raios do Sol. A seguir, pela ordem, aparece samana, que é o processo da assimilação, de recepção, quando se dá a impregnação do corpo com o prana. É simbolicamente colocado no Oeste. O que acontece é muito semelhante com a função da digestão. Na alimentação, estou ingerindo prana, contido no alimento, que terá que ser digerido para haver a assimilação.
O quarto prana é vjana, onde se dá a distribuição do que foi digerido a fim de que todo o corpo receba a sua parte da vida. Situa-se no Norte.
Por fim, no processo fisiológico, aparece a excreção, o refugo do que não foi utilizado, e que servirá como o primeiro estágio udana, para muitas formas de vida. E prana, situado no Sul, por meio do qual se fecha o círculo da vida.
Compreenda que, nesses cinco pranas, nessa maneira arcaica de ver a vida, temos o sopro ascendente de udana no Sol que se dá por inteiro para que a manifestação exista. É graças a ele que estamos aqui. No movimento que fazemos é o Sol que se movimenta, pois é graças à sua energia que a ação é sustentada. Se por um instante o Sol desaparecesse, tudo cessaria no mundo.
Udana é o reflexo do centro solar, a fonte primária onde ele se reflete, onde nasce a vida, que parece provir do nada. Há, portanto, constante ressonância entre o Sol, que é o centro do sistema, e o centro do meu ser. Essa ressonância se dá exatamente em Udana que, segundo a mesma tradição, está localizada na garganta num centro de força, chakra, ali localizado.
Recapitulando, Udana é a primeira manifestação da vida cósmica na criatura: a entrada. Samana é a apresentação dessa vida, a digestão, assimilação da mesma. Vyana é a distribuição, e Apana, por fim, a rejeição."
Fonte: Livro “As Raízes da Criação”
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