"Muitos concluem apressadamente que não existe um significado para a vida. A morte seria o fim, e isso é tudo. Mas isso só acontece porque essas pessoas não se preocuparam em conhecer o verdadeiro propósito da vida.
Estabelecemos para nós mesmos metas de curto prazo. Enquanto tivermos alguma meta, sentimos que nossa vida tem significado. Mas as nossas metas são transitórias. Realizamos uma e já estamos atrás de outra. Precisamos compreender que a busca do significado da vida é um busca espiritual que cada um tem que empreender.
A vida de todos nós é significativa, contanto que mudemos nossa atitude com relação àquilo que ela nos traz. A vida de um professor ou de um estudante, de um médico, de um engenheiro, de um homem de negócios ou de um varredor, enfim, a vida de todos poderia ser significativa se cada um vivesse com o objetivo de autorrealização e autotranscendência.
Por isso é importante compreender a vida como uma escola e uma estrada - e o homem como aluno e peregrino. Mas que homem? É a individualidade, o ego que é o ator, o experienciador e também o eterno peregrino. É esse ego ou ator que escolhe o mundo como palco para atuar. Ele escolhe as circunstâncias, seu papel, sua família, seus pais, sua personalidade etc.
A palavra personalidade deriva da palavra latina persona, que significa máscara. Por trás da máscara o ator permanece anônimo. Esses diferentes papéis desempenhados pelo ator são as nossas personalidades. Estamos tão absortos em representar nosso papel nesse mundo que raramente estamos perceptivos do nosso verdadeiro eu.
Numa determinada vida, podemos estar desempenhando o papel de mãe, irmão, funcionário, magnata ou varredor. Devemos tentar desempenhar nosso papel da melhor maneira, não importanto quão insignificante seja.
Às vezes, num filme vemos que o desempenho de um coadjuvante é elogiado mais que o do herói - um papel insignificante ganha destaque. Mas, na verdade, não existem papéis insignificantes. É a nossa atitude que importa. O sucesso do filme depende de cada um fazer bem o seu papel, na vida real, também dependemos de outros atores.
Conta-se que, na antiguidade, uma batalha foi perdida porque os soldados ficaram desencorajados quando um cavalo escorregou e matou o general do exército. Mas por que o cavalo escorregou? Porque a ferradura soltou-se, e isso, por sua vez, aconteceu porque o ferreiro não a havida pregado de maneira apropriada. Assim diz o ditado: 'a batalha foi perdida por falta de um cravo na ferradura. Daí a importância dos menores deveres de cada pessoa.
A vida é também uma escola. Existem algumas experiências arquetípicas como a maternidade e a paternidade, as dificuldades financeiras etc, que cada ego deve experienciar, numa encarnação ou outra. Talvez o máximo que possamos aprender na 'escola da vida' seja o espírito da doação, a arte de cuidar. Somos repetidamente colocados em situações dolorosas ou desfavoráveis até aprender a lição necessária.
O aprendizado é um processo sem fim para todos os estudantes. Alguns fracassam e desistem. Outros fracassam, mas continuam tentando. Infelizmente existem os que não aproveitam essa oportunidade de ouro. Para a maioria de nós, o aprendizado é muito lento. vivemos sob a falsa impressão de que uma vida não é suficiente para completar esse curso e continuar prolongando nosso processo de autolibertação.
Se não for agora, então quando será? Se o período médio de vida de uma pessoa é 70 anos, ela passa quase 68 anos fazendo coisas como brincar, estudar, dormir, comer, tomar banho, fazer compras, trabalhar, divertir-se etc. Mal tem dois anos para o seu progresso moral e espiritual. Mas passa até mesmo esses dois anos fazendo coisas triviais. O homem nasceu não apenas para comer, beber, crescer e morrer, mas também para se elevar espiritualmente e iluminar seu futuro. 'Agora ou nunca' deve ser o nosso lema na vida.
Se a vida pode ser comparada a uma estrada, o homem é um eterno peregrino, acumulando experiência em cada encarnação. Logo que percebemos o propósito da vida - a evolução e a emancipação da alma - começamos a tomar essa evolução em nossas próprias mãos. Não estamos sós - temos que chegar ao destino na companhia das outras almas peregrinas, e não isolados."
(D. B. Sabnis - A evolução da alma - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 - p. 13)
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