Enquanto não soubermos a diferença que existe entre desejo e vontade, será impossível dominarmos nosso corpo de emoções e termos um controle positivo de nossas vidas no verdadeiro sentido de aproveitá-la como oportunidade de crescimento.
Autora: Eunice Ferrari
Como já vimos anteriormente, possuímos um corpo astral e um corpo mental duplo, além de outros. O astral é conhecido também pelo nome de “emocional”, e o mental de manas, ou kama manas, a mente dos desejos.
Quando kama domina manas, nossa vida torna-se caótica e desorganizada. No entanto, quando adquirimos o domínio de manas sobre kama adquirimos o controle positivo sobre nossas emoções e pensamentos inferiores, aquelas que, justamente são responsáveis pelo nosso desequilíbrio.
Devemos ter controle sobre nossos corpos, treinando-os gradualmente, para serem o veículo de nossa consciência, de nosso ego superior. Para isso, precisamos desenvolver e aperfeiçoar os poderes desses corpos.
O estudante de ocultismo sabe que é fundamental conseguir o domínio de todos os veículos inferiores: o físico, o vital, o astral e o mental. E sabemos também que o domínio de um deles auxilia-nos, facilitando o domínio dos demais.
O trabalho com o corpo físico é o mais simples de todos, apesar de muito difícil também, pois requer um treinamento e uma preocupação com a purificação através da alimentação, da bebida e da higiene. Dessa forma, vamo-nos acostumando a alguns limites necessários ao controle do corpo astral. O mesmo se aplica ao controle do corpo mental. No entanto, para cada um deles é preciso dispor de um punhado a mais de vontade e paciência.
Em última análise, podemos dizer que é apenas através do uso de nossa mente e da força de nossa vontade que os desejos, emoções e paixões de nosso corpo astral podem e devem ser sublimados à nossa vontade.
Para isso é preciso, além de muita vontade, um bom nível de conhecimento e autoconhecimento, para não sermos iludidos pelo nosso inconsciente. É preciso um conhecimento profundo sobre nós e nossos motivos íntimos e deficiências, pois é impossível mudar o que não conhecemos.
Muitas pessoas nem ao menos sabem distinguir desejo de vontade. O desejo é efêmero e caracteriza-se pela ausência total de domínio dos corpos inferiores. Desejamos através de nossa personalidade, nosso ego inferior. Desejo ter um carro melhor, uma pessoa que me atrai, um objeto que satisfaz meus sentidos inferiores, o que muitas vezes chamamos erroneamente de vontade.
Já a vontade tem origem espiritual e é identificada como a força maior do Universo. Está relacionada ao primeiro aspecto da Trindade, o aspecto Pai da Divindade e é somente através dela que podemos querer, determinarmo-nos e autogovernarmo-nos. É o impulso que vem de Deus pela sua força motriz.
É a força da vontade que movimenta todo o Universo. A vontade, diferente do desejo que é uma forma primitiva de agir em direção a algo, é um impulso da nossa consciência, dirigido a um fim determinado conscientemente e por meios deliberadamente escolhidos. Assim como a autoconsciência é o “eu que se conhece”, a vontade é o “eu que se governa”, é o ATMAN.
Portanto, a vontade está diretamente relacionada à nossa capacidade de nos autogovernarmos. A vontade é a característica espiritual humana que estimula a atividade. Quando desenvolvemos em nós essa qualidade, e todos podemos desenvolvê-la, pois ela faz parte do espírito humano, apropriamo-nos de nós e de nossas vidas, tornamo-nos senhores.
Devemos saber, no entanto, que, quando a vontade está presente, devemos renunciar a algo, fazer uma escolha apenas com a finalidade de atingir a meta proposta. Isso é ação pelo dever, a vontade agindo na reta ação.
A vontade é uma energia dinâmica e propulsora que, quando despertada, coloca em andamento algumas forças instintivas de autopreservação e afirmação. E é nessa hora que colocamos em cheque nossa espiritualidade, nossa capacidade de compreensão e compaixão. Sem essas qualidades corremos o risco de agir unicamente através dos instintos inferiores. Essa atitude, ao invés de nos levar ao crescimento e à evolução, pode levar-nos à ruína e à estagnação, pois ativará o que temos de pior e não o melhor em nós.
Portanto, devemos desenvolver a vontade. No entanto, ela deve sempre ser dirigida e controlada por nossa alma e coração, nosso discernimento (Viveka). Uma forma eficiente de desenvolver a vontade e impregná-la de amor e sabedoria é por meio da prática da meditação e da ação desprendida de desejos egoístas. Pratique todos os dias a meditação e atos de boa vontade sem interesse no resultado, mesmo que seja por alguns minutos apenas.
Aprendendo a controlar nossos impulsos inferiores, começaremos a adquirir cada vez mais força mental e tornarmo-nos senhores de nós mesmos e de nossa vida, além de adquirirmos uma maior compreensão da energia do amor.
Autora: Eunice Ferrari
Nenhum comentário:
Postar um comentário