Capítulo IX - DOENÇAS EVOLUTIVAS - PARTE 1
Quando o homem começa a deixar a consciência de massa e a dirigir as suas energias para algo de mais elevado que a vida comum da personalidade, verificam-se nele mudanças e progressos que, mesmo que ele não tenha consciência, produzem efeitos precisos sobre os centros de força do corpo etéreo.
A humanidade de nível primitivo e médio, como sabemos, funciona através dos centros situados abaixo do diafragma, isto é, o centro localizado na base da espinha dorsal (auto-afirmação), o centro Sacral (sexualidade) e o Plexo Solar (emotividade), centrando-se na personalidade, isto é, num estado de consciência ilusório e limitado, completamente identificado ao eu superficial. Esse estágio evolutivo, do ponto de vista patológico, relaciona-se com as doenças cármicas coletivas e individuais (como vimos) e com as doenças provocadas por causas psicológicas. Nos estágios seguintes, ao contrário, ocorrem mudanças, inclusive no que diz respeito às doenças. Diminuem pouco a pouco as doenças cármicas e psicológicas e acentuam-se as doenças provocadas por causas purificatórias e evolutivas, devidas ao gradativo despertar dos centros superiores e à transferência de energias dos centros inferiores para aqueles localizados acima do diafragma, o que acarreta dificuldades, problemas e conflitos.
Inicia-se um período extremamente tormentoso para o homem, mas também muito frutífero. A luta entre as forças evolutivas e as cristalizações e falsas identificações torna-se cada vez mais intensa, originando gradativos e sucessivos amadurecimentos e esclarecimentos, os quais constituem a luminosa recompensa pelo sofrimento evolutivo.
Na realidade, o sofrimento é inevitável, pois surge do atrito entre o impulso evolutivo inato em nossa centelha divina, que procura penetrar na consciência, e a matéria inerte e estática, que inconscientemente se opõe a este impulso. Se o homem se identifica com a matéria, a oposição se acentua, a desarmonia torna-se mais forte, podendo ocasionar uma doença física ou psíquica.
A doença, nesse período evolutivo, é quase sempre o sintoma que nos revela a presença de um conflito entre o Si e a personalidade, querendo nos assinalar uma oportunidade de progresso e amadurecimento.
Este conflito evolutivo produz freqüentemente uma purificação das energias dos veículos e uma transmutação dos aspectos inferiores da personalidade em aspectos superiores. É um processo purificatório que aumenta, às vezes, o estado de sofrimento do doente, pois as substâncias que compõem os veículos pessoais são submetidas a um processo "alquímico", a um trabalho, antes de se elevarem, e devem se tornar mais refinadas, mais "leves", para poderem se exprimir através dos centros superiores.
Antes que aconteça o despertar da consciência do Si, o que provoca uma completa mudança no indivíduo e faz dele como que um "renascido", decorre, portanto, um longo período de sofrimento e crise, além, naturalmente, de distúrbios e doenças que indicam a aproximação deste evento maravilhoso, para o qual o homem tende sem se dar conta.
Após o despertar, a formidável afluência das novas energias, a irrupção da luz e da nova consciência nos veículos podem ocasionar um período de desequilíbrio fisiopsíquico, de adaptação e assimilação, o que pode se manifestar através de determinadas doenças.
Verificam-se, portanto:
a) doenças e distúrbios antes do despertar do Si;
b) doenças e distúrbios após o despertar do Si.
Examinemos primeiramente o período que precede o despertar.
Começando pelo estágio evolutivo do "Homem de ideais" e por todo o estágio do "Aspirante espiritual", as energias da personalidade e dos centros inferiores começam a sofrer um processo de elevação, como conseqüência da consagração a um ideal, o que permite a superação do eu egoísta e da estaticidade, e também em conseqüência da aspiração ao Divino.
Esta elevação pode ocorrer mesmo sem que o homem tenha consciência, produzindo mudanças efetivas e precisas nele, pois as energias da personalidade começam a sublimar-se e a transferir-se dos centros inferiores para os superiores, o que também ocasiona uma gradativa mudança na consciência, que assim se aproxima cada vez mais da consciência do Si.
É uma odisseia interior, gradativa e lenta, de "distanciamento" dos automatismos, dos condicionamentos, das ilusões que tinham se instaurado na personalidade e mantinham o homem prisioneiro a um estado de irrealidade e limitação. Tudo isso, porém, não se dá sem conflito e sofrimento pois inicialmente ele opõe resistências inconscientes a esse impulso ascensional, estando o seu "eu" identificado com a personalidade ilusória.
O indivíduo sofre e se debate entre duas tendências opostas, razão pela qual ocorrem freqüentemente graves crises, que se manifestam através de angústia, depressão, sentimento de inutilidade, distúrbios físicos e doenças diversas, o que indica uma purificação efetiva das energias etéreas, pois evidentemente há congestões, inibições, distúrbios funcionais que necessitam ser resolvidos e superados antes que a consciência do Si possa manifestar-se livremente.
Tais doenças físicas podem por vezes se prolongar por muito tempo e se agravar quase até à morte, se o indivíduo não faz jus ao amadurecimento que o processo patológico simbolicamente lhe indica e não toma consciência do que se passa, sutilmente, em seu interior.
Existe uma linguagem dos órgãos, coisa que até mesmo a medicina psicossomática admite em hipótese, e que nós, com o tempo, temos que aprender a decifrar. Para tanto, contamos com a ajuda das ciências esotéricas que, ensinando-nos a constituição oculta do homem e revelando-nos a existência de centros de força etéreos correspondentes às glândulas endócrinas, nos possibilita entender a relação entre doença física e estado psíquico. De fato, cada centro exprime atributos e faculdades do homem que, ao serem acionadas, produzem determinadas reações físicas. Por exemplo, é sabido que uma forte sensação de medo ou cólera, provocada por uma atitude de defesa ou de agressão, gera no plano físico uma descarga de adrenalina através das cápsulas supra-renais. Em outras palavras, coloca em funcionamento o centro situado na base da espinha dorsal, que exprime justamente auto-afirmação e agressividade. A descarga de adrenalina, por sua vez, provoca os seguintes fenômenos físicos:
a) o aumento do açúcar no sangue;
b) o aumento da capacidade de contração de um músculo;
c) irrigação abundante do sistema muscular pelo sangue;
d) diminuição do tempo de coagulação do sangue.
Se tais fenômenos se repetirem com freqüência, em virtude de renovadas emoções desse tipo, será fácil perceber as conseqüências patológicas que daí podem resultar (diabete, artrite, hipertensão etc).
Portanto, cada doença deve ser interpretada e relacionada ao centro etéreo mais próximo do órgão atingido. Além disso, como veremos em outros capítulos, as doenças não são provocadas somente pelos centros inferiores, mas também pelos centros superiores, se estes não apresentarem um fundamento equilibrado ou se forem prematuramente despertados.
No período, portanto, que precede o despertar da Alma, o aspirante está mais sujeito a distúrbios, crises e eventuais doenças físicas e psíquicas (neuroses), sofrendo até compreender que chegou a um ponto crucial de sua vida a um momento decisivo, em que deve fazer uma opção, orientar-se definitivamente para a luz e operar uma verdadeira "conversão" na própria consciência. É exatamente isso que o seu Si deseja dele, caso ele já seja um aspirante espiritual, por isso a profunda crise que precede o despertar pode ser resolvida somente se houver uma "rendição" às forças superiores, acompanhada de um trabalho intenso e contínuo de sublimação das energias.
Podemos, portanto, dizer em síntese que, antes do despertar da consciência do Si, verifica-se sobretudo uma ascensão das energias da personalidade, uma elevação das vibrações, originando a sublimação e a transferência de tais energias dos centros inferiores para os centros superiores, enquanto no período do "Discípulo", como veremos na próxima parte, ocorre primeiramente uma queda das energias espirituais na personalidade. Em outras palavras, antes há aspiração, demanda por parte da personalidade, e depois resposta, constituída pela afluência da Luz, da Consciência e da Força do Si para os veículos.
Angela Maria La Sala Batá, Medicina Psico-espiritual.
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